
O desenvolvimento ágil de software vem sendo muito difundido nos últimos anos e encarado muitas vezes como a solução para os problemas que enfrentamos no dia a dia. MAIS DO QUE práticas, técnicas, frameworks ou buzzwords o desenvolvimento ágil é baseado em 4 valores e possui doze princípios:
- Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas.
- Softwares em funcionamento mais do que a documentação abrangente.
- Responder a mudanças mais que seguir um plano.
- Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos.
Nossa ideia não é detalhar os valores, mas sim usá-los como base para apresentar os problemas que enfrentamos. Mas para entendermos esses valores precisamos entender que os itens que estão em negrito (por exemplo, indivíduos e interações) são mais importantes que os itens que não estão em negrito (por exemplo mais que processos e ferramentas).
Antes de seguirmos – e para não errarmos no entendimento – precisamos deixar um conceito muito claro – e esse conceito também pode ser encarado como o maior desafio que vemos no dia a dia.
AGILIDADE tem relação com eficácia, fazer o correto, entregar o que o nosso cliente realmente precisa. RAPIDEZ tem relação com eficiência, fazer mais rápido e isso gera uma distorção na construção da cultura de agilidade. A partir dessas definições quero apresentar alguns dos maiores desafios que enfrentamos quando tentamos criar uma cultura de desenvolvimento ágil de software. Vou quebrar esses desafios em 3 grande grupos: INDIVIDUAIS, EQUIPE e EMPRESA.
Desafios individuais.
Os desafios individuais são temas que dependem exclusivamente de nós. São temas que demandam que mudemos nossos hábitos. Vou citar 4 desafios:
- Uso de FATOS E DADOS: precisamos supor menos e perguntar mais. Usar de fato os fatos e os dados que temos para as ações do dia a dia. Isso não quer dizer que vamos acertar sempre, mas quer dizer que vamos aprender mais com os erros.
- Construção de novos HÁBITOS: para atuarmos em uma cultura ágil precisamos criar novos hábitos saudáveis de relacionamento e adaptação a mudanças, e deixar de lado hábitos que às vezes nos parecem ‘corretos’ mas que podem ser bem tóxicos.
- Laços de Confiança: para atuar de maneira ágil de fato, precisamos criar laços de confiança com as pessoas do time, aqui existe uma via de mão dupla: gerar confiança e confiar nos outros.
- Trabalhar a GENEROSIDADE: quem não gosta de ser bem recebido e ser auxiliado no dia a dia? A generosidade nesse contexto diz muito sobre como tratamos as pessoas e como nos relacionamos.
Desafios de equipe.
Os desafios de equipe são temas que dependem do grupo que temos contato direto. São temas que precisam ser trabalhados por todo um grupo para que tenha eficácia.
Trabalhar a COMUNICAÇÃO: a comunicação eficaz, objetiva e inclusiva precisa ser um ponto de atenção muito grande das equipes, e quanto mais trabalharmos esse ponto, melhor será a nossa cultura ágil.
FEEDBACKS: a base para nossa evolução na agilidade. Saber passar e receber um feedback, seja ele positivo ou construtivo é de extrema importância para o dia a dia.
COLABORAR: ter um ambiente colaborativo, onde todos são envolvidos, têm voz, são ouvidos. E um ambiente seguro para todos, é fundamental para que o time se engaje.
Ter um FOCO: se o time não sabe para onde vai ou cada pessoa do time tem um objetivo/foco diferente não há coesão entre os trabalhos e a colaboração e a comunicação são comprometidas. O foco pode mudar – e vai mudar – mas é importante que todos da equipe saibam e caminhem para o mesmo lado.
AUTOSSUFICIÊNCIA: de maneira resumida a autossuficiência é o time conseguir de maneira independente entregar o que definiu. Não quer dizer que ele precise ser gigante ou que vai se isolar dos outros, mas sim saber os caminhos e saber quando pedir ajuda, mas ainda assim sendo ‘dono’ da sua entrega.
CUIDADO: cuidar das pessoas não é tarefa só dos gestores e do do time de recursos humanos. As pessoas do time precisam se cuidar, entender o momento e ver quando alguém não está bem, não para agir, mas para acolher e apoiar o RH por exemplo, a ajudar essas pessoas. Quando alguém do time não está bem ou não é cuidado, o time inteiro está em risco.
Desafios da empresa.
Os desafios em nível de empresa podem parecer que estão muito distantes de nós, mas dependem de nossos inputs para que ocorram e eles têm um impacto significativamente maior.
CULTURA: a cultura não é algo simples de ser trabalhado, Nizan Guanaes define a cultura como “aquilo que fazemos quando ninguém está olhando” e nesse aspecto temos que fomentar a cultura de testes, a cultura de foco nas pessoas e acima de tudo de colaboração.
Entender a NOVA REALIDADE: as empresas precisam – por meio de nós – entender que as coisas mudam hoje de uma maneira muito rápida e essa aceitação e adaptação às novas realidades que surgem é fundamental para um time ágil.
Poderíamos citar além desses uma série de outros desafios, mas acredito que esses são os primeiros a serem atacados para que possamos de fato atuar de maneira ágil.
Um ponto interessante de se observar é que as pessoas, os times e as empresas precisam PARAR DE “FAZER ÁGIL” e começar a “SER ÁGEIS” se quiserem de fato ter um diferencial.
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Ex Head Of Engineering